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Já conhece a Beira Baixa?

Uma sugestão da Ana Carreira.

Ana Carreira

O que tem de fazer é inspirar fundo quando chegar lá do alto do castelo do Rei Wamba e sentir o Monumento Natural das Portas de Ródão. O Tejo lá repousa entre os gigantes de quartzo e o voo planante dos grifos. Há tesouros escondidos na Beira Baixa e esta vista é daquelas que vai ter de gravar para o resto da vida. As portas de Rodão estão abertas, faça o favor de entrar. 

Agora, é só desvendar os recantos de Natureza em estado puro que valem cada quilómetro de estrada pelo serpentear das serras; e que nos nos ensinam - a nós graúdos mas tanto aos miúdos - o quanto temos de despertar para proteger a sua biodiversidade.

Voltei há poucos dias da Beira Baixa mas regressava agora para voltar a embrenhar-me nos trilhos, nas experiências e nas histórias autênticas dos anciões que nos prendem nas soleiras das casas de xisto e nos “miúdos novos” que honram a memória dos avós, tirando o pó e as silvas das aldeias históricas para erguer projetos em sítios repletos de significado e que merecem ser descobertos por todos. Que saudades tenho sempre da autenticidade destas gentes! (lá andei eu atrás dos queridos e bravos pastores para dois dedos de conversa e desta vez com um mini-tagarela atrás, obrigada pela paciência:) 

Ponto de partida no Barrocal, em Castelo Branco, ou de manhã cedo ou ao fim da tarde. O calor aperta nesta paisagem granítica cujo Observatório dos Abelharucos convida os amantes de birdwatching. (Ainda bem que o miúdo levou binóculos, lá podíamos perder as vidinhas dos milhafres e das garças!)

Fugimos do calor e mergulhamos nas águas cristalinas da nova piscina fluvial da Foz do Cobrão, em Penedo dos Cágados, e lá foi suster a respiração de novo. (Pare antes no Capelos e leve take-away para a merenda, os restaurantes locais agradecem a força depois de tantos meses de porta fechada e já sabe que nesta zona não se brinca com a gastronomia:).

O que percebi é que não vivo sem mar, mas depois destas mini-férias, ninguém me tira um mergulho nas águas límpidas destes paraísos. Malhadal, Fróia, Açude Pinto, cada uma mais bonita que a outra! Uff! (Um conselho, leve braçadeiras para as crianças, mesmo que já saibam nadarJ)

Depois é ir de cabelo molhado para dentro do carro e explorar as aldeias encovadas na serra, as que estão completamente isoladas – se bem que muitos têm regressado em teletrabalho e ainda bem! – e aquelas recuperadas como anfitriãs deste roteiro precioso. Tem a de Figueira (sente-se no célebre Ti Augusta), Álvaro ou Monsanto e guarde lugar para as suas lendas. E não perca, por nada deste mundo, os Passadiços do Orvalho e a Cascata de Fraga de Água d’Alta. Vai perceber porquê quando lá chegar. Prepare os pulmões, as pernas e a alma, não se imagina o tamanho do presente que leva para casa.

Trouxe ainda a Reserva Natural da Serra da Malcata para o Zona Verde (pode ouvir aqui a entrevista a António Cabanas, técnico do ICNF que conhece a serra como ninguém), mas não consegui ter tempo para a percorrer no terreno. São 16 mil hectares de flora e fauna em estado puro com trilhos adequados para famílias e condições de alojamento. Escusado será dizer o destino das minhas próximas férias, até porque não se quebram as promessas feitas às crianças. (Não te esqueças dos binóculos, Francisco, temos muita Natureza para estudar!)

Ouça aqui o podcast Zona Verde.