Jimi Hendrix morreu há 50 anos

A 18 de setembro de 1970, há precisamente 50 anos, Jimi Hendrix entrou no fatalista clube dos 27 (os músicos que morreram com 27 anos), asfixiado pelo próprio vómito, depois de ingerir nove comprimidos para dormir.

Para homenagear aquele que é para muitos o "melhor guitarrista de sempre do rock", selecionamos dez curiosidades sobre o artista norte-americano.

Jimi Hendrix gostava de Mateus Rosé
Através da abertura de ontem do museu de Jimi Hendrix em Londres, no apartamento onde residiu entre 1968 e 1969, descobriu-se que o blues-rocker tinha entre os seus prazeres o famoso vinho nacional Mateus Rosé. Uma garrafa de Mateus Rosé, no seu reconhecível formato arredondado, destaca-se na mesa de cabeceira do quarto de Jimi Hendrix, mesmo por cima de um manuscrito do guitarrista canhoto.

A fama internacional de Mateus Rosé levou-o a infiltrar-se na história da pop. Elton John fala do vinho rosado na canção de 1973, Social Disease: "I get juiced on Mateus and just hang loose" ["fico frutado com Mateus e solto-me"]. E na capa do álbum do cantor britânico Graham Nash, também de 1973, Wild Tales, vê-se acima da lareira uma garrafa de Mateus Rosé. 

Jimi Hendrix viveu no mesmo edifício de Handel
O apartamento de Jimi Hendrix, na Brook Street (próximo de Oxford Street), é o terceiro andar do edifício onde o compositor barroco Handel viveu dois séculos antes, nos dois andares em baixo, entre 1723 e 1759. Hoje o edifício é ocupado pelo museu de Handel & Hendrix. 

Jimi Hendrix viveu no apartamento da Brook Street com a sua namorada Kathy Etchingham. Foi lá, naquela que chamou da "sua primeira verdadeira casa", que fez numerosas festas e deu várias entrevistas promocionais.

Era canhoto e tocava uma guitarra de destro ao contrário
Oriundo de Seattle, Jimi Hendrix é um auto-didacta que aprende a tocar sozinho a guitarra eléctrica aos 12 anos. O músico criou um estilo próprio, como um canhoto que tocava uma guitarra de destro ao contrário. O canhoto Jimi Hendrix mordia a guitarra elétrica, tocava-a de costas, destrui-a contra os amplificadores e inflamava-a em chamas. 

Foi paraquedista
Antes de se tornar músico profissional, Jimi Hendrix integrou o exército norte-americano onde chega a ser paraquedista.

Uma imagem diferente
Jimi Hendrix marca também pelo seu estilo extravagante, de bigode ralo e fita na cabeça, de colete e camisa de folhos, sempre a mascar pastilha elástica enquanto canta.

Roubou o trono de rei da guitarra a Eric Clapton
Em 1966, o rei da guitarra elétrica era Eric Clapton, dos Cream, o supertrio de deuses dos instrumentos. Ninguém se atrevia a propor uma jam com eles... exceto talvez um desconhecido Jimi Hendrix. O seu pedido foi aceite num concerto dos Cream em Londres, mas seria o maior erro da carreira de Eric Clapton. O desconhecido Hendrix cilindrou o estatuto de rei da guitarra de Clapton com uma versão veloz de 'Killin? Floor' de Howlin Wolf que o homem dos Cream tinha dificuldade em tocar. Toda a gente ficou impressionada com aquela prestação de Hendrix, um misto de musicalidade em bruto com malabarismos jamais vistos. Membros dos Rolling Stones, The Who e Paul McCartney estavam presentes na sala Regent Street Polytechnic e viram o fenómeno. 

Tinha o exato nome do inventor dos seus amplificadores
O verdadeiro nome de Jimi Hendrix era James Marshall, o exato nome do inventor dos amplificadores Marshall: James Marshall. O poderio dos amplificadores Marshall contribuiu para a exuberância da atuação de Jimi Hendrix no Monterey Pop Festival, que o lançou nos Estados Unidos. Graças a esta prestação, a marca inglesa de amplificadores ganharia estatuto no mundo do rock.

  
As versões eram uma especialidade sua
Nesse concerto em Monterey, Hendrix fez uma coisa que sempre gostou: interpretar versões de temas relevantes da época como 'Wild Thing' popularizado pelos Troggs ou 'Like a Rolling Stone' de Bob Dylan. É de Dylan que Hendrix fez outra versão ainda mais famosa, 'All Along the Watchtower'.

Jimi Hendrix foi misteriosamente raptado
Depois de um concerto num clube nova-iorquino de Greenwich Village, Jimi Hendrix desapareceu, para snifar uma linha de cocaína com um estranho - relata o livro "Room Full of Mirrors: A Biography of Jimi Hendrix", escrito por Charles R. Cross. Mas Jimi Hendrix não voltou. O músico foi raptado e mantido cativo num apartamento de Manhattan, com uma condição para a libertação: a renúncia ao contrato que o ligava ao manager Michael Jeffrey. Dois dias depois, Jimi Hendrix reapareceu incólume, como se nada tivesse acontecido. Houve quem suspeitasse que este rapto tinha sido um estratagema do manager Michael Jeffrey para desencorajar Hendrix a procurar outros managers. Mas dentro do círculo do músico, houve quem garantisse que este rapto foi a sério.   

Miles Davis queria colaborar com Jimi Hendrix
O trompetista de jazz Miles Davis ficou impressionado com o talento de Jimi Hendrix na guitarra elétrica quando o viu tocar no documentário de D.A. Pennebaker sobre o festival Monterey Pop Festival. Miles Davis sentiu que o rock estava a ser devolvido aos negros com aquela nova estrela. Os dois combinaram trabalhar juntos mas... Jimi Hendrix morreu, de forma inesperada.