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Redação
26 julho 2021, 11:08
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Nicky Wire arrepende-se de ter desejado a morte de Michael Stipe de sida

Nicky Wire arrepende-se de ter desejado a morte de Michael Stipe de sida
Mark Allan/ Domenico Stinellis (Associated Press)
Redação
26 julho 2021, 11:08
Baixista dos Manic Street Preachers não se revê hoje na declaração infame dita em 1992.

"Vamos rezar que o Michael Stipe tenha o mesmo destino que o Freddy Mercury muito em breve", disse em 1992 o baixista dos Manic Street Preachers, Nicky Wire, sobre o vocalista dos R.E.M., Michael Stipe.

À data, ainda era recente a morte do cantor dos Queen, Freddie Mercury, vítima de síndrome da imunodeficiência adquirida, mais conhecida como sida, uma doença que tinha na altura uma letalidade praticamente incontornável. 

O enigma do hiato ao vivo dos Queen, sem digressões promocionais aos álbuns "The Miracle" (1989) e "Innuendo" (1991) [os últimos longas-durações em vida de Freddie Mercury], só foi decifrado quando foi anunciada em público a doença do carismático performer inglês, na véspera de falecer, em 1991.

A abstinência ao vivo dos R.E.M., durante o seu período comercial mais bem sucedido, com o álbum "Out of Time" (1991) e o seu sucessor "Automatic for the People" (1992), foi alimentando especulações, que se provariam gratuitas, sobre o estado de saúde de Michael Stipe, suspeitando-se que estaria igualmente seropositivo.

Foi neste contexto que Nicky Wire proferiu aquelas declarações polémicas. Os Manic Street Preachers eram na altura jovens e controversos, e destacavam-se não só pelos seus êxitos, como o single 'Motorcycle Emptiness' ou a versão de 'Suicide Is Painless', como pelas suas afirmações bombásticas.

Os R.E.M. tiveram sempre a particularidade de não comentarem ou negarem quaisquer especulações sobre o seu interregno ao vivo, nomeadamente quando se tocava no assunto da doença fatal da sida. Foi com naturalidade que os R.E.M. reativaram a sua agenda ao vivo, quando lançaram o álbum mais elétrico "Monster", já depois de 1994, sempre com Michael Stipe saudável, magro (como sempre foi) e sem nunca ter sido seropositivo. 

Hoje, Nicky Wire arrepende-se "profundamente" do que disse em 1992, em entrevista à revista Mojo. "Não tenho qualquer desculpa. Eu estava completamente martelado pelo Babycham [uma marca de sidra de pêra] e pelo vodka. Esquecemo-nos de como a bebida nos pode alterar".  

E acrescenta: "não toco na bebida há 11 anos. Não por nenhuma grande crise ou nada, apenas por ter miúdos". Nicky Wire refere que a sua filha Clara, hoje com 19 anos, costuma confrontar o pai com algumas coisas que ele disse de mais polémico no passado: "olha só para o que disseste em 1994, pai".

Algumas polémicas de Nicky Wire com outros músicos foram sendo sanadas de forma bem amigável, como é o caso de Billy Bragg.