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Agência Lusa
22 setembro 2021, 14:02
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Bancos do sul da Europa mais expostos a empresas com riscos devido a alterações climáticas

Bancos do sul da Europa mais expostos a empresas com riscos devido a alterações climáticas
EPA
Agência Lusa
22 setembro 2021, 14:02
Os bancos da zona euro podem ser duramente atingidos se não tomarem medidas em relação às alterações climáticas, indica BCE.

O Banco Central Europeu (BCE) advertiu hoje que os bancos dos países do sul da Europa, como a Grécia, Chipre, Portugal, Espanha e Malta, estão mais expostos a empresas com riscos mais elevados devido às alterações climáticas.

Este é um dos resultados dos testes de ?stress? do BCE a mais de quatro milhões de empresas em todo o mundo e 1.600 bancos na zona euro para ver o impacto das alterações climáticas em três cenários diferentes.

Os bancos da zona euro podem ser duramente atingidos se não tomarem medidas em relação às alterações climáticas, porque isso aumentaria "significativamente" as perdas nas suas carteiras de crédito empresarial, de acordo com o BCE.

Vinte e dois por cento das exposições dos bancos da zona euro são afetadas por riscos climáticos físicos, principalmente devido a incêndios que atingem as empresas dos países do sul da Europa.

Em 2050, a média da carteira de crédito empresarial de um banco da zona euro tem 8% mais probabilidades de incumprimento se não forem adotadas novas políticas climáticas do que se ocorrer uma transição ordenada para a adoção atempada de políticas destinadas a limitar o aquecimento global.

As carteiras de crédito mais vulneráveis aos riscos climáticos têm 30% mais probabilidades de incumprimento em 2050, em comparação com 2020, se não forem tomadas medidas.

Os países da Europa do Norte e Central têm entre 20% e 50% das empresas que emitem muito CO2, mas a sua exposição a empresas com riscos físicos elevados é apenas de 5%, de acordo com o BCE.

No entanto, as empresas expostas a riscos físicos elevados estão principalmente concentradas no sul da Europa, onde representam entre 25% e quase 100% de todas as empresas.

Itália e Espanha têm uma parte substancial de empresas altamente expostas a riscos físicos devido às alterações climáticas.

E os bancos nos países do sul da Europa, como a Grécia, Chipre, Portugal, Espanha e Malta, estão mais expostos a empresas com riscos mais elevados através dos seus empréstimos.

Os investimentos nos setores e regiões mais expostos aos riscos climáticos serão os que mais vão sofrer.

Por exemplo, as empresas localizadas em regiões atingidas por catástrofes naturais graves frequentes verão a sua solvabilidade afetada, de acordo com o BCE.

"Sem políticas de transição para uma economia mais verde, os riscos físicos irão aumentar com o tempo", disse o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos.

Por conseguinte, acrescentou De Guindos, é essencial começar a transição rápida e gradual para mitigar os custos das catástrofes naturais.

Os riscos das alterações climáticas dividem-se em duas grandes categorias, riscos físicos e riscos de transição.

Os riscos físicos são o impacto económico esperado devido ao aumento da frequência e magnitude das catástrofes naturais.

As empresas localizadas perto de rios ou linhas costeiras podem sofrer danos significativos se ocorrerem inundações, o que pode levar a perturbações a curto prazo da produção e à falência a mais longo prazo.

Na Europa, os países do Norte são mais atingidos pelas cheias e os países do Sul pelas ondas de calor e incêndios.

Os riscos de transição são o custo de introduzir políticas tardias ou precipitadas para reduzir as emissões de CO2, que podem ser consideráveis para grandes emissores, tais como empresas mineiras, elétricas, cimenteiras e siderúrgicas.

Uma subida dos impostos ao carbono pode aumentar os custos de produção e reduzir a rentabilidade.

As provas de resistência do BCE testaram a reação das empresas e dos bancos em três cenários.

O cenário ordenado de implementação atempada de políticas para limitar o aquecimento global, o cenário em que não são adotadas novas políticas climáticas e o cenário desordenado de implementação tardia e precipitada de políticas climáticas.