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Agência Lusa
16 novembro 2021, 18:12
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Projeto pioneiro em Portugal quer testar reciclagem de lentes de contacto

Projeto pioneiro em Portugal quer testar reciclagem de lentes de contacto
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Agência Lusa
16 novembro 2021, 18:12
Projeto está a ser desenvolvido pela Universidade do Minho.

 A Universidade do Minho (UM) está a implementar um projeto pioneiro de recolha de lentes de contacto e a estudar "novas formas de reutilização e valorização" dos materiais de lentes usadas ou fora de validade.

Esta iniciativa resulta de uma parceria da Escola de Ciências da UM com os Serviços de Ação Social daquela instituição de ensino superior e a Associação Académica, bem como a Society Loving the Planet Minho.

Já foram instalados pontos de recolha de lentes de contacto usadas nos bares, complexos desportivos e residências universitárias, mas o objetivo é colocar essas unidades também em lojas de ótica, adiantou à Lusa Madalena Lira, do Departamento de Física daquela universidade.

Nas caixas criadas para a recolha destes materiais devem apenas ser colocadas as lentes, e não os 'blisters' em que estas vêm embaladas ou as caixas, já que estas embalagens devem ser depositadas nos ecopontos destinados ao plástico e metal e ao cartão, respetivamente.

Um dos objetivos "é consciencializar a população, para que não deite as lentes para a sanita, lavatório, etc.", porque, quando entram no sistema de saneamento, estes objetos "vão-se partindo, e podem tornar-se em microplásticos, que entram depois na cadeia alimentar dos peixes", por exemplo, destacou a investigadora.

"É mais uma fonte a contribuir para os microplásticos. A maior parte das pessoas não tem ideia, aquilo é uma 'coisinha' que parece muito frágil, que não tem qualquer problema. A cada dia, milhões são deitadas ao lixo. A tendência é cada vez mais as pessoas utilizarem as lentes diárias. Isto, vezes os milhões de pessoas que utilizam lentes, dá um volume grande. É alertar um bocadinho para isso, as pessoas acham que não tem mal nenhum, e acaba por ter", detalhou Madalena Lira.

A segunda parte do projeto "é precisamente recolher esse material, que servirá de matéria-prima" para "desenvolver um produto novo e que tenha esse material como base".

Essa parte exige ainda algum estudo, explicou a especialista, adiantando que a Universidade do Minho tem já "alguns ensaios-piloto", que requerem uma equipa multidisciplinar, juntando o Centro de Física das Universidade do Minho e do Porto e o Centro de Biologia Molecular e Ambiental e o Instituto de Polímeros e Compósitos.

"Juntamente com engenharia de polímeros, fizemos alguns ensaios para aferir as potencialidades destes polímeros. A ideia que temos é juntá-lo a uma outra base e transformá-lo num outro produto. Já temos algumas ideias, e alguns pequenos testes que percebemos que é muito possível, mas para já não podemos dizer mais nada", prosseguiu.

O projeto "é único em Portugal e no mundo inteiro", garantiu a cientista.