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Redação
16 agosto 2022, 11:51
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Academia de Cinema pede desculpa a Littlefeather pelos Óscares de 1973

Academia de Cinema pede desculpa a Littlefeather pelos Óscares de 1973
pixabay
Redação
16 agosto 2022, 11:51
Num discurso de 60 segundos, Sacheen explicou que Brando não poderia aceitar o prémio devido ao tratamento dado aos índios americanos pela indústria cinematográfica.

Quase 50 anos depois de Sacheen Littlefeather ter subido ao palco do Óscar em nome de Marlon Brando para falar sobre a representação dos nativos americanos nos filmes de Hollywood, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pediu desculpas pelos abusos de que Sacheen foi vítima.

A Academy Museum of Motion Pictures disse ontem (15 de agosto) que vai convidar Littlefeather, agora com 75 anos, para uma noite de "conversa cura e de celebração" a 17 de setembro.

Quando Brando ganhou o prémio de melhor ator no filme "The Godfather" (O Padrinho), Littlefeather, estava a usar um vestido de camurça e mocassins quando subiu ao palco, tornando-se a primeira mulher nativa americana a fazê-lo nos Óscares.

Num discurso de 60 segundos, Sacheen explicou que Brando não poderia aceitar o prémio devido ao "tratamento dado aos índios americanos pela indústria cinematográfica". A cerimónia de 1973 foi realizada durante a ocupação de dois meses do Movimento Indígena Americano em Wounded Knee, na Dakota do Sul. Nos anos seguintes, Littlefeather disse que foi ridicularizada, discriminada e atacada pessoalmente por ter participado nos Óscares.

Ao fazer o anúncio, o Museu da Academia divulgou uma carta enviada a 18 de junho a Littlefeather por David Rubin, presidente da Academia, sobre o icónico momento dos Óscares. Rubin apelidou o discurso de Littlefeather de "uma declaração poderosa que continua a lembrar-nos da necessidade de respeito e da importância da dignidade humana. O abuso que sofreu por causa da declaração foi injustificado", escreveu Rubin.

"A carga emocional que viveu e o custo para a sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis. Durante muito tempo a coragem que mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos as nossas mais profundas desculpas e sincera admiração."

Littlefeather, em comunicado, disse que é "profundamente animador ver o quanto mudou desde que eu não aceitei o Óscar há 50 anos".

"Em relação ao pedido de desculpas da Academia, nós índios somos pessoas muito pacientes, faz apenas 50 anos!" disse Littlefeather. "Temos de manter o nosso sentido de humor o tempo todo. É o nosso modo de sobrevivência."

No evento do Academy Museum em Los Angeles, Littlefeather conversou com o produtor Bird Runningwater, co-presidente da Indigenous Alliance da academia.

Num podcast lançado no início deste ano com Jacqueline Stewart, uma estudiosa de cinema e diretora do Museu da Academia, Littlefeather refletiu sobre o que a levou a falar em 1973, referindo que "senti que deveria haver nativos, negros, asiáticos, chicanos, senti que deveria haver uma inclusão de todos".