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Redação / Agência Lusa
05 março 2021, 08:12
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Investigadores usam 35 mil amostras para avaliar infecciosidade de variantes

Investigadores usam 35 mil amostras para avaliar infecciosidade de variantes
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Redação / Agência Lusa
05 março 2021, 08:12
O biobanco guarda desde março de 2020 amostras em congeladores a temperaturas entre os 80 e 20 graus célsius negativos.

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) vão, através de mais de 35 mil amostras nasofaríngeas, avaliar as coinfeções com o SARS-CoV-2 e perceber se a infecciosidade das variantes se alterou ao longo do último ano. Em declarações à agência Lusa, Didier Cabanes, investigador e diretor do centro de testagem à covid-19 criado no instituto da Universidade do Porto, explicou hoje que o projeto tem “duas vertentes”: uma científica e outra técnica.

No âmbito do programa Horizonte 2020, o i3S recebeu um financiamento de 300 mil euros da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), tendo por base o seu biobanco de amostras nasofaríngeas testadas para o SARS-CoV-2, que reúne mais de 35 mil amostras, um terço das quais positivas para a covid-19. O biobanco guarda desde março de 2020 amostras em congeladores a temperaturas entre os 80 e 20 graus célsius negativos e vai permitir avaliar as coinfeções no último ano com o SARS-CoV-2.

“Vamos tentar analisar se outros agentes patogénicos como baterias ou fungos podem estar associados à infeção pelo novo coronavírus e se variam sazonalmente”, esclareceu o investigador líder do grupo Microbiologia Molecular do i3S. Paralelamente, os investigadores vão avaliar se a infecciosidade e agressividade das variantes do SARS-CoV-2 mudou ao longo do último ano.
No âmbito do projeto, que decorre até junho de 2023, o instituto da Universidade do Porto adquiriu “robôs” para “automatizar” o diagnóstico à covid-19 no laboratório com capacidade para analisar 350 amostras por dia.

“A compra dos robôs permite ter menos pessoas no laboratório e um maior controlo sobre a qualidade do processo. Normalmente, comunicamos os resultados em menos de 10 horas, pelo que os robôs não vão aumentar significativamente o tempo, mas sim a qualidade do processo de diagnóstico”, acrescentou. O instituto pretende ainda fazer “algumas modificações ao protocolo” por forma a poder, à semelhança de outros laboratórios, fazer o teste à covid-19 através da saliva e detetar as variantes ao SARS-CoV-2. “Vamos ver se funciona, mas isso não vai ser imediato”, antecipou Didier Cabanes.