Madonna: "vivemos num mundo que recusa celebrar as mulheres com mais de 45 anos e que as pune se forem aventureiras"
Madonna foi uma das convidadas da 65ª edição dos Grammys, que decorreu no passado dia 5 de fevereiro, em Los Angeles, Estados Unidos. A rainha da pop subiu ao palco da cerimónia para apresentar a atuação de Sam Smith e Kim Petras que nessa noite tornou-se a primeira mulher transgénero a vencer um Grammy de Melhor Performance Dueto ou Grupo Pop. Apesar de ter feito um discurso sobre o assunto, alguns órgãos de comunicação social sublinharam mais a aparência da cantora e não tanto o que disse durante a apresentação do dueto. Muitos especularam sobre as operações plásticas que a artista teria feito.
Foi por isso que a dona de 'Vogue' usou as redes sociais para responder aos que meteram o foco na sua aparência física e não no que disse, acusando-os de perpetuar a misoginia e o preconceito sobre o envelhecimento das mulheres. "Foi uma honra apresentar a Kim Petras e Sam Smith nos Grammys. Queria ter apresentado a última estatueta, o Álbum do Ano, mas achei que era mais importante apresentar a primeira mulher trans a atuar nos Grammys - um momento histórico. E, além disso, ainda ganhou um Grammy", começou por escrever Madonna na conta oficial de Instagram.
"Em vez de meterem o foco no meu discurso, com o qual agradeci a artistas destemidos como a Kim e Sam, muitas pessoas preferiram falar sobre os ângulos apertados das fotografias que me foram tiradas ao longe por um repórter fotográfico, fotos essas que iriam distorcer a cara de qualquer pessoa", continuou. "Mais uma vez estou no centro do preconceito com a idade e da misoginia que continuam a ser premiados no mundo em que vivemos. É um mundo que recusa celebrar as mulheres com mais de 45 anos e que tem a necessidade de puni-las caso continuem a ser obstinadas, trabalhadoras e aventureiras. Nunca pedi desculpa pelas escolhas criativas que fiz ao longo do meu caminho nem pela minha aparência nem pelo que vesti. Não seria agora que iria fazê-lo. Tenho sido diminuída pela comunicação social desde o início da minha carreira mas entendo que tudo isto acaba por ser um teste. Fico feliz por estar a desbravar o caminho para que as mulheres que cheguem depois possam ter a vida mais facilitada. Usando as palavras da Beyoncé, 'you won't break my soul' (o meu espírito é inquebrável). Estou ansiosa por mais anos de comportamento subversivo, para poder continuar a desafiar os limites e por fazer frente ao patriarcado. E, sobretudo, estou ansiosa por continuar a usufruir da minha vida", escreveu.
Na cerimónia dos Grammys, que teve lugar na arena Crypto.com, Madonna celebrou a coragem de que ousa "abrir novos caminhos" mesmo que tenha de sofrer o impacto subsequente da sociedade.
"Eis o que eu aprendi depois de quatro décadas na música: se te chamarem chocante, escandalosa, perturbadora, problemática, provocadora ou perigosa, estás definitivamente no caminho certo", disse a rainha da pop. "Estou aqui para agradecer a todos os rebeldes que estão por aí a abrir um novo caminho e a aguentarem o impacto disso", continuou. "Têm de saber, todos vocês, agitadores por aí, que o vosso destemor não é invisível. Vocês são vistos, são ouvidos, e mais que tudo, são apreciados".
Quando recebeu o Grammy, Kim Petras agradeceu a Madonna pela luta histórica do astro pop pelos direitos LGBTQ+. "Não me parece que estivesse aqui se não fosse a Madonna", disse Petras em palco, agradecendo também à sua mãe por ter acreditado que era uma rapariga.
Madonna vai celebrar 40 anos de carreira com a "Celebration Tour", que tem passagem em Portugal no mês de novembro. A artista norte-americana atua na Altice Arena, em Lisboa, a 6 e 7 de novembro.
