Aurea celebra mais de dez anos de canções nos Coliseus: "sou uma sortuda, sinto muito amor"
Aurea vai celebrar mais de dez anos de carreira com dois concertos nos Coliseus em março de 2023. No dia 30 de março, a cantora atua no Coliseu do Porto e a 31 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Os espetáculos, cujo conceito foi idealizado pela própria Aurea, servem para celebrar as músicas que marcaram a última década da vida artística da cantora alentejana. A celebração vai ser feita com uma viagem do passado ao presente, com novas roupagens sonoras nas canções mais amadurecidas e temas mais frescos que fazem parte do álbum que está quase a chegar às lojas e plataformas digitais.
Do novo disco de originais já podemos escutar 'Volta', single que Aurea partilha com António Zambujo e que marca a estreia da artista portuguesa na aventura da composição.
O novo álbum, que deverá sair ainda durante o mês de março, conta ainda com a participação de outros músicos, compositores e produtores nacionais e lusófonos, todos eles convidados pela própria cantora.
Mais de uma década de canções, como é que te sentes com esta celebração?
Na verdade, sou péssima a contar anos de carreira. Digo que estou a assinalar os 13, 14 anos de carreira mas, como não tive oportunidade de celebrar os 10 [devido à Covid-19], aproveito para celebrar tudo ao mesmo tempo.
E como é que te sentes com este marco?
Sinto que passou tudo muito rápido. A verdade é essa. Vivi muita coisa, conheci muita gente, muitas pessoas especiais. Aprendi muito. Sinto-me muito agradecida. Sobretudo nos dias que correm, em que o mundo está numa situação tão complicada e em que temos a sensação de que há tanta coisa que não está nas nossas mãos. Estou grata por poder estar onde estou. Estou muito feliz com o que conquistei até hoje. Estou muito consciente que consegui chegar aqui com o apoio que tive das pessoas, de todo o público que me tem acompanhado. Sou uma sortuda. Sinto muito amor. É raro receber mensagens de ódio. Sou uma mulher muito realizada e estou muito feliz com o caminho que tenho feito.
O que é que aprendeste que tenha sido útil?
Tanta coisa. Com todos os contratempos que vão aparecendo no dia a dia, vamos ganhando ferramentas para poder lidar [com os obstáculos]. A experiência e as pessoas que estão connosco ajudam-nos a superar. Os colegas, os amigos, a família. Todos ajudam. É um bolo de coisas. Tudo isto ajudou-me a ultrapassar uma data de situações. Muitos conselhos, também.
Lembras-te de algum?
Lembro-me muito bem de um conselho que me deram logo no início. Disseram-me: 'não tenhas medo de passar por burra ou não tenhas medo de acharem que és burra. Aproveita isso'.
Mas passaste por alguma situação desse género?
Se calhar a palavra "burra" é demasiado forte. Mas a verdade é que há sempre pessoas que nos subestimam. E fazem isso em diversos sentidos, não estou a falar apenas da questão da inteligência. O que acontece é que nos vamos apercebendo que aquilo que os outros acham de nós não tem absolutamente nada a ver com quem somos, com o valor que temos. [A opinião dos outros] não nos define. O que faço é aproveitar a desvantagem do julgamento dessas pessoas (porque a desvantagem é de quem julga) e transformo-a numa coisa boa, que me seja favorável. Foi um dos melhores conselhos que me deram.
E sobre o novo disco, o que é que podes revelar?
Posso revelar que estou a trabalhar com artistas e compositores que adoro e que admiro imenso. 'Volta', o single que compus e o mais recente que lancei, é com o António Zambujo. Fizemos uma colaboração maravilhosa. Convidei-o e ele aceitou. É um colega e um amigo de quem gosto muito. Não podia estar mais feliz. Estou a terminar alguns pormenores [do disco] em estúdio. O álbum deverá sair ainda durante o mês de março.
E como é estar no papel de compositora?
Eu acho que estava muito mal habituada. Cantei sempre canções escritas pelo meu melhor amigo [Rui Ribeiro]. Tive a sorte de ter tido um compositor maravilhoso ao meu lado. E durante muitos anos. [O Rui Ribeiro] é também meu amigo, meu irmão. Ele escreveu a maior parte das minhas canções, mas agora senti que estava na altura de começar a compor também. Sempre tive coisas para dizer, mas o que acontecia é que dizia o que sentia ao Rui e ele transformava o que lhe dizia em letras.
Porquê só agora?
Acho que tinha medo. E sei que esse medo não desapareceu por completo. Temos grandes compositores em Portugal. Sinto que estar a atirar-me, de repente, para essa piscina é um salto de fé. Tinha receio e achava que não era capaz. O processo com o 'Volta' foi muito natural. A melodia surgiu de repente, quando estava em casa. Apressei-me a pegar no telemóvel para gravar. Depois peguei na caneta e no papel e a letra saiu. Foi a primeira canção que fiz completamente sozinha. Desde então já fiz mais algumas.
Sobre a composição de 'Volta':
E sobre os concertos nos Coliseus, o que é que podes contar?
É a comemoração destes anos todos de carreira. Já não digo que são 10. A Covid-19 impediu-me de festejar os dez anos como queria. Aproveitámos que já passou mais algum tempo para festejar tudo junto. A ideia é revisitar alturas importantes do passado, do início da minha carreira, e contar como fiz todo o caminho até ao disco novo. Também vou mostrar algumas canções do novo álbum.