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Redação
09 fevereiro 2023, 12:51
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Roger Waters regrava sozinho "The Dark Side of the Moon"

Roger Waters regrava sozinho "The Dark Side of the Moon"
Associated Press
Redação
09 fevereiro 2023, 12:51
Ucrânia classifica Roger Waters como "another brick in the wall".

Roger Waters parece gostar de estar no olho do furacão, acumulando polémicas e sendo motivo de notícias diárias. No plano mais musical, o rocker anunciou ao jornal britânico The Daily Telegraph ter regravado secretamente o álbum dos Pink Floyd, "The Dark Side of Moon", sem o conhecimento dos outros dois membros vivos, o guitarrista David Gilmour e o baterista Nick Mason. 

"Fui eu que escrevi o [álbum] The Dark Side of the Moon. Livremo-nos dessa treta do 'nós'. Claro que éramos uma banda, éramos quatro, todos contribuimos. Mas é o meu projeto, escrevi-o eu", reivindica Roger Waters, embora não seja claro qual será o seu entendimento de autoria pessoal do álbum, tendo em conta que, em termos de créditos, os três colegas de banda também participaram na criação. Roger Waters é o autor por completo (letras e composição musical) de quatro das dez músicas do álbum, que comemora 50 anos. Noutras cinco faixas, partilha a autoria com os outros membros. No tema instrumental 'Any Colour You Like', Roger Waters não tem qualquer envolvimento autoral. Roger Waters só assume a liderança vocal nas duas faixas finais do álbum lançado em 1973.

Caso David Gilmour e Nick Mason não bloqueiem a edição regravada de "The Dark Side of the Moon", este disco será lançado em maio, complementado com um espetáculo ao vivo. 

Ao longo da entrevista ao Daily Telegraph, Roger Waters desfaz no trabalho de David Gilmour na gravação de "The Dark Side of the Moon", resumindo desta forma a sua função: "toca a guitarra e canta e faz aquilo que te é bem dito". E vai mais além: "o Gilmour e o Rick [Wright, o falecido teclista]? Eles não conseguem escrever uma canção, não têm nada para dizer. Eles não são artistas. Não têm quaisquer ideias, nem uma única. Nem nunca tiveram e é isso que os endoidece".

O álbum "The Dark Side of the Moon", que celebra 50 anos a 1 de março, comanda atualmente o top da Associação Fonográfica Portuguesa..

Roger Waters participou na reunião de ontem do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o qual foi convidado pela Rússia para falar sobre a Guerra da Ucrânia. O músico e ativista britânico, que terminou o discurso com um pedido de cessar-fogo imediato entre a Rússia e a Ucrânia, começou por falar nas consequências nefastas da guerra quer para as vítimas diretas dos conflitos quer para o bem-estar do planeta. Sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, que assinala um ano a 24 de fevereiro, Waters afirmou que condena o passo bélico dado por Moscovo "de todas as formas possíveis". O músico sublinhou, porém, que também condena os "provocadores" dos países do Ocidente.

A intervenção de Roger Waters mereceu uma resposta do representante da Ucrânia, Sergiy Kyslytsya, na reunião do Conselho de Segurança. ?É irónico, se não mesmo hipócrita, que o sr. Waters esteja a tentar encobrir uma invasão. Quão triste deve ser para os seus antigos fãs vê-lo a aceitar o papel de se tornar 'another brick in the wall' ['mais um tijolo para o muro', numa referência à canção emblemática dos Pink Floyd, Another Brick in the Wall], o muro da desinformação e propaganda russa?.

O diplomata continuou a satirizar o papel de Roger Waters, com uma recomendação: "continue a dedilhar a guitarra, sr. Waters. Fica-lhe melhor do que dar uma aula ao Conselho de Segurança de como fazer o seu trabalho. Nada de porcos voadores aqui, por favor?, disse, noutra alusão a um tema dos Pink Floyd, neste caso a 'Pigs', que ao vivo costuma merecer o levantamento de porcos insufláveis no ar durante os seus espetáculos em nome próprio. 

Sergiy Kyslytsya explorou ainda uma contradição em Roger Waters, lembrando-o a invasão soviética ao Afeganistão em 1979 e a sua condenação à época pelo músico inglês, que levou os Pink Floyd a serem banidos pelas forças de Moscovo.

Roger Waters vai atuar na Altice Arena, em Lisboa, a 17 e a 18 de março. Os bilhetes para o primeiro espetáculo estão esgotados.